Pesquisa desenvolvida nos Estados Unidos avaliou mais de 30 anos de exames periódicos, como ressonância magnética
Por Alessandro Greco, da Agência Einstein
Desde 1990, a quantidade de adultos convivendo com a hipertensão, no mundo, dobrou. Na época, eram 650 milhões de indivíduos, entre 30 e 79 anos, com o diagnóstico da doença. Agora, 1,28 bilhão, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas, além dos danos ao coração, a hipertensão não controlada também pode impactar o cérebro e a função cognitiva, de acordo com estudo divulgado pela Associação norte-americana do Coração.
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Os dados preliminares da pesquisa, compartilhados durante a conferência internacional da Associação em fevereiro, destacam que adultos jovens (entre 20 e 40 anos) com pressão alta tiveram mudanças cerebrais por volta da meia-idade (idade média de 55 anos) que aumentaram o risco de declínio cognitivo na fase idosa. “Os resultados sugerem que os profissionais de saúde considerem tratamentos contra a pressão alta mais agressivos para os adultos jovens, a fim de prevenir alterações cerebrais mais tarde”, argumentam os autores.
A análise verificou mais de 30 anos de exames periódicos, incluindo ressonância magnética, de 142 adultos jovens. De acordo com Flávio Tarasoutchi, médico cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, apesar de poucos participantes, os dados chamam atenção. “Foi surpreendente ver mudanças cerebrais mesmo na pequena amostra de participantes do estudo. A pressão alta em jovens normalmente apresenta consequências mais precoces na função renal, alterações cardíacas, como sobrecarga no coração. Porém, é menos evidente, nesta idade, alterações cognitivas, que normalmente é mais tardia”, comenta Tarasoutchi, que também é professor Livre Docente em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Ainda, o especialista destaca a importância em avaliar adultos jovens, abaixo dos 30 anos, principalmente com histórico familiar para doenças cardiovasculares. “É fundamental que os jovens passem por uma avaliação clínica durante a orientação para atividades físicas”, completa.
Causa e efeito?
De acordo com Tarasoutchi, o estudo fez uma análise retrospectiva dos dados, e os resultados não provam que as alterações cerebrais sejam causadas apenas pela hipertensão. “Mas ele lança um grande alerta para importância de intensificar a avaliação clínica dos jovens e monitorar a pressão deles”, argumenta.
Das outras condições cardiovasculares que podem causar alterações no cérebro, e levar a doenças neurodegenerativas no futuro, o especialista destaca o uso de cigarro (tabagismo), descontrole dos níveis de colesterol e a obesidade. “Esses são fatores que podem causar alterações cerebrovasculares, como a deposição precoce de placas de ateroma, responsáveis pela aterosclerose, e a consequente alteração do fluxo cerebral, inclusive na autorregulação dos vasos cerebrais, lesando de maneira gradativa o cérebro”, explica.
(Fonte: Agência Einstein)
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